A Dr.ª Brenda Moura vê os “dois lados da moeda”, na pandemia, apontando aspetos “francamente negativos” para a área da Cardiologia, mas também as lições que podem ser retiradas. “Aprendemos muito ao longo deste ano e acho que temos as armas na mão para podermos começar a normalizar a nossa atividade”, sublinha.
“Têm estado a ser tempos desafiantes, mas sempre com grande envolvimento nosso [Sociedade Portuguesa de Cardiologia] e de todas as estruturas”, afirma o Prof. Doutor Victor Gil. O especialista recorda os constrangimentos resultantes da pandemia e o papel desempenhado pela SPC, ao mesmo tempo que antecipa os cenários que se poderão observar.
O Serviço de Cardiologia do Hospital Garcia de Orta está, “a pouco e pouco”, a retomar a normalidade, procurando implementar estratégias que permitam reduzir “rapidamente” a lista de espera e fazer uma triagem dos doentes mais graves. Na visão do Prof. Doutor Hélder Pereira, o maior desafio para a especialidade, ao longo do último ano, foi o receio dos doentes de se dirigirem ao hospital.
Na Consulta de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Hospital de São João, no Porto, não há atrasos, garante o coordenador, Prof. Doutor José Silva Cardoso, que destaca ainda as vantagens do recurso à telemedicina. “Se nos pedirem uma primeira consulta, nós fazemo-la na primeira semana e, até aqui, os doentes esperavam meses. Portanto, a telemedicina veio revolucionar e aumentar totalmente a nossa eficiência e poupar-nos esforço”.
“Durante o ano de 2020, apesar de tudo, tratamos o mesmo número de doentes agudos que tínhamos tratado em 2019”, assegura o Prof. Doutor João Morais, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Leiria. Além do balanço do último ano, fala ainda da atual retoma da atividade e do futuro das doenças cardiovasculares.
A pandemia trouxe ao de cima a fusão entre a Medicina e a tecnologia, na ótica de consultas à distância, mas o Hospital da Luz já tinha dado um passo nessa direção anos antes, ao criar o Centro Clínico Digital, dirigido pelo Dr. Daniel Ferreira. Em entrevista à INSIDE NOW, o cardiologista dá a conhecer as vantagens das videoconsultas, em particular, nos doentes crónicos.
“A mortalidade cardiovascular, que estava a reduzir-se, em Portugal, é muito natural que possa vir a aumentar”. Este cenário é traçado pela Prof.ª Doutora Cristina Gavina, diretora do Serviço de Cardiologia da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, que se baseia na falta de acompanhamento dos doentes, ao longo do último ano.
A organização do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho tem vindo a sofrer alterações, desde o início da pandemia. O atual diretor, Prof. Doutor Ricardo Fontes-Carvalho, fala em três fases, que oscilam entre uma redução da atividade, um período de recuperação e, mais recentemente, uma nova quebra de consultas e intervenções.
O Dr. Carlos Rabaçal, diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital Vila Franca de Xira, revela que, devido à pandemia, se tornou “relativamente comum” verem pessoas com enfartes agudos do miocárdio com dias de evolução, reduzindo a possibilidade de serem feitas as terapêuticas que “mais beneficiam os doentes”.
Cada vez mais, é “fundamental” tentar controlar os fatores de risco de uma forma global, no sentido de reduzir significativamente os eventos cardiovasculares a médio-longo prazo. Esta é a visão do Dr. Luís Andrade, que reconhece: “Se há uma altura em que temos de ter esta preocupação é nesta fase, não só pela questão dos eventos ateroscleróticos e vasculares, mas também porque esses eventos vão traduzir-se num pior prognóstico, se o doente tiver uma infeção por SARS-CoV-2, no futuro”.
“Estabelecemos um plano de recuperação de toda a atividade, em termos do funcionamento do departamento da Cardiologia, quer da Cirurgia Torácica e da Cirurgia Vascular”, refere o Prof. Doutor Fausto Pinto. O diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital Santa Maria sublinha que a capacidade de resposta foi “muito boa”, permitindo a recuperação de listas de espera, em 2020.
A jornalista Judite Sousa dá “a palavra” a especialistas de Cardiologia, Medicina Interna e Medicina Geral e Familiar, num webinar que pretende explorar os desafios atuais, na prestação de cuidados de saúde relacionados com doenças cardiovasculares, bem como com a diabetes, a hipertensão e a dislipidemia.
A COVID-19 levou a atrasos nas consultas, no diagnóstico e no tratamento de doenças cardiovasculares, bem como ao adiamento de cateterismos eletivos e à interrupção de intervenções estruturais cardíacas. No entanto, o período do verão permitiu recuperar parte desta atividade, afirma o coordenador da Unidade de Intervenção Cardiovascular do CHUC, Dr. Marco Costa, que, perante a segunda vaga da pandemia, adianta: “Estamos a tentar resistir para não reduzir, uma vez mais”.
No início da pandemia, alguns artigos publicados sugeriram que determinados medicamentos usados no tratamento da hipertensão arterial poderiam agravar a infeção por COVID-19. Quais as principais consequências deste acontecimento no tratamento dos doentes? Esta é uma das perguntas respondidas, em entrevista, pelo Prof. Doutor Rui Baptista, cardiologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Veja o vídeo.
Com o Dr. Hélder Pereira, diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital Garcia de Orta
Com o Prof. Doutor João Morais, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Leiria
Com a Prof.ª Doutora Cristina Gavina, diretora do Serviço de Cardiologia da Unidade de Saúde Local de Matosinhos
Com o Prof. Doutor Ricardo Fontes-Carvalho, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho
Prof. Doutor José Silva Cardoso, coordenador da Consulta de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Hospital de São João
Tempo: 28m24s
Dr. Vitor Paixão Dias, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão
Tempo: 16m27s
A Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) aconselha as vacinas da gripe e da pneumonia a quem tem doenças cardíacas, devido aos riscos acrescidos que as infeções respiratórias representam para estes doentes.
Neste âmbito, os Grupos de Estudo de Risco Cardiovascular, Insuficiência Cardíaca, Doenças do Miocárdio e Pericárdio e Hipertensão Pulmonar da SPC sublinham que, durante o inverno, as doenças cardiovasculares têm uma expressão mais grave, acrescentando o vírus da gripe.
![]() - 50%Nas admissões de doentes com ataque cardíacoO número de doentes com ataque cardíaco que procurou as urgências hospitalares caiu mais de 50% durante o primeiro surto de COVID-19. A conclusão é de um estudo da ESC que envolveu 3.101 profissionais de saúde em 141 países. Além disso, 62,6% dos respondentes indicaram que os casos mais graves (enfarte de miocárdio STEMI) chegaram ao hospital mais tarde do que o habitual. E 58,5% consideraram que a proporção destes doentes que se apresentou aquém da janela ideal para a intervenção coronária percutânea ou trombólise atingiu os 40%. Fonte: “Admission of patients with STEMI since the outbreak of the COVID-19 pandemic: a survey by the European Society of Cardiology (ESC)”, conduzido em abril e publicado em junho de 2020 |
![]() Disrupçãona cardiologia de intervençãoA Cardiologia de Intervenção sofreu uma disrupção em múltiplos aspetos devido à COVID-19, oscilando entre a menor disponibilidade das equipas dos laboratórios de cateterismo à redução significativa dos procedimentos, nomeadamente angiografia coronária. A gestão de doentes com síndrome coronária aguda também foi afetada. Fonte: “Impact of the COVID-19 pandemic on interventional cardiology practice: results of the EAPCI survey”, Marco Roffi, MD; Davide Capodanno, MD, PhD; Stephan Windecker, MD, Andreas Baumbach, MD, PhD; Dariusz Dudek, MD, PhD. Inquérito a 636 especialistas, entre 1 e 15 de abril de 2020. |
![]() 1 em 7Mais de metade dos doentes com COVID-19 submetidos a ecocardiografia demonstraram anomalias ventriculares, no lado esquerdo ou no direito, sendo que num em cada sete casos essas anomalias são severas. A maioria apresentava padrões não específicos de disfunção ventricular, embora numa minoria tenham sido observados novos episódios de enfarte de miocárdio, miocardite e cardiomiopatia de Takotsubo. Fonte: “Global evaluation of echocardiography in patients with COVID-19”, Marc R Dweck, Anda Bularga, Rebecca T Hahn, Rong Bin, e outros. Estudo envolvendo 1216 doentes, de 69 países, em abril de 2020. |
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