Assegurar a resposta aos doentes agudos, no contexto pandémico, foi uma das preocupações da Unidade de Saúde Familiar João Semana, em Ovar. Quem o diz é a Dr.ª Alexandra Ramalho, que revela que “os doentes com algum indício de descompensação da sua diabetes tiveram sempre salvaguardado o seu atendimento”, via telefone, ou presencialmente.
Da Medicina Interna à Endocrinologia, passando pela Medicina Geral e Familiar, a INSIDE NOW reuniu as experiências vividas por vários especialistas de norte a sul do país, no que concerne ao diagnóstico, acompanhamento e tratamento dos doentes com diabetes, no contexto pandémico. Assista ao best of.
“O nosso serviço, no caso do Hospital Garcia de Orta, esteve preparado para todas as situações da COVID-19 e não só. Continuou a sua atividade normal, no que toca à diabetes”. A garantia é dada pelo Dr. Estevão Pape, assistente graduado de Medicina Interna e responsável pela Consulta de Medicina/Diabetes.
“Neste preciso momento, estamos a retomar a atividade normal”, afirma a Dr.ª Joana Guimarães, diretora do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Nutrição do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, recordando que, até à penúltima semana de fevereiro, “todos os elementos colaboraram nas enfermarias covid”. Ainda assim, foi possível assegurar a realização de todas as consultas agendadas.
A Dr.ª Sónia do Vale dá a conhecer a realidade vivida ao longo dos últimos meses, no Serviço de Endocrinologia do Hospital Santa Maria, e a forma como a Consulta de Diabetes se reorganizou para continuar a garantir uma resposta, mesmo com a deslocação de recursos humanos para a atividade COVID-19. Sublinha ainda a necessidade de manter os doentes vigiados e “o melhor controlados possível”.
“As complicações da diabetes continuam a existir, mas, na nossa experiência, estão a ocorrer cada vez mais tarde. Portanto, estamos a dar à população anos livres de eventos e isso é muito relevante”, afirma o Dr. João Sequeira Duarte, diretor do Serviço de Endocrinologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental.
O Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar Universitário de São João tem procurado “normalizar” a sua atividade, passando a realizar a maior parte das consultas presencialmente, adianta o diretor do mesmo, Prof. Doutor Davide Carvalho. Nos últimos meses, de forma geral, o número de doentes internados diminuiu, tal como o recurso ao serviço de urgência por parte dos doentes com diabetes, mas foi registado um aumento do número de consultas, face a 2019.
“É evidente que uma diabetes tipo 2 numa pessoa idosa não se trata igual por telefone, porque são pessoas que precisam muito da nossa ajuda”, afirma a Prof.ª Doutora Rosa Maria Principe, diretora do Serviço de Endocrinologia da Unidade Local de Saúde de Matosinhos. Por outro lado, adianta que foi “relativamente fácil” manter o contacto com as pessoas mais jovens e com maior acesso à tecnologia, como é o caso das consultas de bombas de insulina e de diabetes tipo 1.
Na Unidade Integrada de Diabetes do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, houve uma quebra de 18% do número de consultas realizadas, entre março e novembro, face ao período homólogo de 2019. Este dado é revelado pela Dr.ª Ana Filipa Rebelo, que fala sobre o impacto da primeira e da segunda vaga no serviço que chefia, sublinhando: “Apesar de tudo, conseguimos manter a nossa atividade assistencial, desde o início da pandemia”.
Dr.ª Joana Guimarães: “Penso que vai haver um boom de referenciação depois desta situação”
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Dr. Silvestre Abreu: “Em termos globais, o número de consultas em 2020 foi cerca de 10% superior”
Tempo: 16m58s
Dr. Luís Andrade: “As doenças crónicas tendem a ter um pior controlo nesta fase”
Tempo: 13m10s
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) assinalam, com preocupação, o número crescente de mortes prematuras provocadas pela diabetes, alertando para a necessidade da implementação urgente de medidas de combate a esta patologia.
As pessoas com diabetes foram incluídas no regime excecional de proteção face à pandemia de COVID-19 definido pelo decreto-lei n.º 20/2020, depois de, num primeiro momento, terem ficado de fora das medidas aprovadas pelo governo.
![]() Em todo o mundo463 Milhões têm diabetesEm 2019, aproximadamente 463 milhões de pessoas em todo o mundo tinham diabetes, das quais a grande maioria (cerca de 90%) era diabetes tipo 2. Fonte: Estudo intitulado Losing weight could prevent or even reverse diabetes, according to new research, publicado a 31 de Agosto de 2020 na Science Daily. |
![]() Obesidade mórbida e COVID-199% dos casosA taxa de obesidade mórbida está diretamente relacionada com 9 % das taxas de casos e mortes por COVID-19. Foi a conclusão de investigadores do Alabama que estudaram adultos entre os 18 e 64 anos e concluíram que há uma relação direta entre as duas variáveis. Fonte: Dados da Universidade de Alabama of Alabama, numa investigação intitulada “The prevalence of morbid obesity in a population is associated with negative outcomes from COVID-19, according to a new analysis of morbid obesity data and reported COVID-19 deaths in the United States”. |
![]() 42% da PopulaçãoPiorou alimentação no confinamentoCerca de 45% dos inquiridos num estudo da Direção-geral da Saúde afirma ter mudado os hábitos alimentares durante o período de confinamento, com 42% a admitirem ter sido para pior. Mais de metade dos inquiridos diminuiu a atividade física. Fonte: Estudo da Direção Geral da Saúde realizado em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. |
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