O prefixo “tele” veio para ficar. No caso do Serviço de Pneumologia do Hospital de Santa Maria, este aplica-se à monitorização e à reabilitação, permitindo o acompanhamento à distância dos “doentes estabilizados” e a redução das idas ao hospital.
“Passamos largamente o nosso limite e, mesmo assim, continuamos a trabalhar dentro do que nos era possível”, assegura o Dr. Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e médico de família na USF Salus, em Évora. Num olhar para o futuro, acredita que os desafios serão os mesmos que já existiam: manter o acompanhamento de todos os doentes, controlar os fatores de risco e garantir que as suas orientações são ouvidas e colocadas em prática.
Ao longo do último ano, o Serviço de Pneumologia do Hospital de São João teve de se dividir entre a “atividade normal” e o apoio aos doentes com COVID-19, o que pressupôs uma “gestão permanente” dos meios e dos recursos humanos. “As coisas de Pneumologia que precisam de ser internadas são muito urgentes, não podem ficar à espera”, realça o Prof. Doutor Venceslau Hespanhol.
O atraso no diagnóstico do cancro do pulmão pode levar à perda do timing para um tratamento adequado, porque, nesta área, “as coisas são para ontem”. Quem o diz é a Dr.ª Bárbara Parente, sublinhando que, embora existam terapêuticas inovadoras – mesmo nos estadios mais avançados – a situação que se vive, atualmente, pode ser considerada “dramática”.
O pneumologista Prof. Doutor António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, e o virologista Prof. Doutor Pedro Simas, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular, juntam-se à jornalista Judite Sousa, num webinar que se propõe observar a pandemia “à lupa”.
Considerando que “nunca antes os doentes estiveram tão preocupados e interessados em ser vacinados”, o Dr. Eurico Silva, médico de família na USF João Semana, em Ovar, acredita que daí advém uma oportunidade para administrar a vacina antigripal, bem como a antipneumocócica. Mas não só. É também um momento para “administrar um bocadinho de cultura em saúde”.
Avaliar os doentes com COVID-19, evitar a propagação do vírus e garantir uma resposta aos restantes doentes obrigou a que o Serviço de Pneumologia do Hospital Vila Franca de Xira reorganizasse as suas atividades e se reinventasse. Além da implementação do modelo de teleconsulta e da alteração das rotinas dos exames, foi necessário prestar assistência na Urgência e no Internamento. A diretora do serviço, Dr.ª Paula Rosa, dá a conhecer esta “nova realidade”.
Dr. Nuno Jacinto: “A MGF esteve desde o início muito envolvida no combate à pandemia”
Tempo: 21m46s
A retoma da atividade clínica presencia é urgente e primordial. É este o entendimento do presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Prof. Doutor António Morais, para quem essa é a preocupação atual, “pelo menos tão importante como a COVID-19”.
![]() 42% das crianças infetadastêm sintomas respiratóriosUm estudo conduzido pelo Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte concluiu que o Hospital de Santa Maria recebeu 103 crianças com COVID-19, entre as quais 42% tinham sintomas respiratórios. A investigação é relativa a crianças e adolescentes (0-18 anos) diagnosticados com infeção por SARS-CoV-2 e seguidos no Departamento de Pediatria do CHULN. Fonte: Estudo do CHULN, relativo ao período homólogo de 11 de março a 18 de junho de 2020. |
![]() 30% dos infetadoscom sequelas pulmonaresAproximadamente 30% das pessoas infetadas com COVID-19 apresentaram anormalidades pulmonares persistentes após a doença. Fonte: Estudo “Long term respiratory complications of COVID-19”, publicado a 3 de agosto de 2020. |
![]() Fibrose pulmonarem 18% dos recuperadosUm estudo desenvolvido em Hong Kong detetou fibrose pulmonar em 18% dos doentes considerados recuperados. A mesma investigação revela que as perdas na função pulmonar podem chegar aos 30%. Fonte: Centro para Doenças Infeciosas do Hospital Princess Margaret, em Hong Kong. |
![]() 2.634 doentes em enfermaria444 em UCIO Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge estima que, a partir de 4 de novembro, haja 2.634 doentes internados em enfermaria e 444 em UCI. Um aumento justificado pelo crescimento do número de novos casos, nas últimas semanas, o qual incidiu particularmente sobre as pessoas com idades entre os 20 e os 39 anos e com mais de 85 anos. Fonte: Conferência de Imprensa DGS de 26 de outubro. |
Edifício Lisboa Oriente
Av. Infante D. Henrique, 333 H, Esc. 37
1800-282 Lisboa
PORTUGAL