Ainda sem evidência do impacto dos três meses de redução da atividade assistencial não urgente na saúde da população, o Dr. Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), afirma que a principal preocupação dos profissionais de saúde é relativa aos doentes crónicos, face não se conhecerem ainda “quais as consequências cardiovasculares de enfartes que estão a acontecer ou aconteceram, como é que estão a evoluir os doentes com insuficiência cardíaca, insuficiência renal, os diabéticos, os hipertensos”.
“Nós chegámos a ter 20 mil doentes com COVID-19 ativos (…) mas temos um milhão de outros doentes”, advertiu o médico, salientando que as doenças cardiovasculares e oncológicas representam mais de dois terços das causas de morte. O Dr. Rui Nogueira manifestou um maior receio com a doença oncológica, que “não dá grande margem de manobra”, e obriga a “ter os diagnósticos precoces, o que se calhar não estamos a conseguir”, para uma boa resposta.
Segundo o médico, o confinamento trouxe outras complicações para a população, como o aumento de peso e da doença mental, denotando que “o confinamento é o contrário de tudo” o que os médicos aconselham aos utentes, como saírem de casa e fazerem atividade física.
Sobre o que é necessário melhorar depois da pandemia, o Dr. Rui Nogueira defendeu que “é preciso investir na área informática e nos técnicos administrativos” para que seja o contacto entre médico e doente seja facilitado.
No imediato, a principal prioridade é fazer com que o doente perca o medo de regressar aos serviços de saúde, algo que o presidente da APMGF identifica como uma situação que não sabe “como e quando se vai resolver”. Na sua ótica, a remarcação das consultas vai demorar “quatro a seis meses”, alertando para o aumento dos tempos de espera na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde há 700 mil utentes sem médico de família.
Fonte: Agência Lusa